sábado, 27 de abril de 2013

Quando as diferenças fazem toda a diferença.



Eu preciso concordar com o que você disse outro dia enquanto tomávamos café da manhã: a gente é muito diferente apesar da vida em dupla. E, mesmo te olhando com um resto de sono misturado com ressaca, ri porque sabia que era verdade. Somos diferentes mesmo. E não é pouco não. Arrisco a dizer que não fazemos nem o nosso próprio tipo.
 Você sabe que eu gosto da noite, mas não da sua noite. Eu não sei beber, nem dançar direito. Você é oposta pelo vértice. Você prefere na cama, enquanto eu arriscaria além. Eu sei cuidar das flores que você esquece de regar. Você pensa demais. Eu falo demais. Te irrita o meu prazer em atiçar a sua curiosidade. Eu curto um drama bem feito. Você escolhe as comédias. Eu dispenso a televisão que você insiste em deixar ligada. Eu tento salvar um pedacinho de edredom que você cisma em puxar todo pra você.
 A gente é mesmo muito diferente.
 Às vezes me pergunto como a gente consegue. E a resposta vem seca, curta e grossa, como um motorista impaciente buzinando quando o sinal ainda nem abriu.
 Ninguém é do jeito que a gente é.
mNinguém fica tão charmosa naquela minha samba canção de motivos navais que nem você. Ninguém mais liga no meio da tarde só pra dizer que comprou os ingressos da peça que a gente queria tanto ver. Ninguém, pequena, me abraça daquele jeito quando chego de viagem. Ninguém mais sabe preparar aquele filé de peixe com purê de batatas a não ser você. Ninguém, ninguém, mas ninguém mesmo sabe respirar roçando na minha orelha do seu jeitinho. Ninguém fica tão irresistível quanto você passeando pela casa só de calcinhas. Ninguém, menina, consegue aquele sorriso de canto de boca que nem o seu. Ninguém me apaixona e reapaixona todos os dias. Só você. Só você.
 Ainda bem que somos diferentes. Ainda bem. São essas diferenças que fazem toda a diferença para o nosso amor.

Pedro Henrique Cordeiro

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