quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Prisão da alma.




Eu estive há tempos presa em alguém que nunca me deixou partir, não porque me amava, não porque havia um laço que nos prendia, mas as decepções que eu sofri me fizeram guardá-lo dentro de mim, pra sempre, até hoje. Hoje eu sofro calada, escondida, angustiada, ando me refugiando, odeio dar justificativas para alguém sobre o “por quê?” do meu choro, eu gosto de chorar quietinha, ninguém além de mim e de Deus precisa saber o motivo do meu choro, o motivo da minha dor, da minha saudade, da minha angustia. Eu odeio demonstrar fraqueza, eu gosto de mostrar para o mundo que eu posso ter uma dor enorme, uma faca enorme enfiada contra o meu peito, mas que mesmo assim eu consigo carregar outros milhares de problemas nas minhas costas. Eu sou forte, eu sei que sou… mas o pouquinho de dor que trago em mim cada dia aumenta e se transforma numa ferida enorme que me exige uma força enorme e eu não tenho tudo isso dentro de mim, meu Deus! Como eu necessito de mais um pouquinho de força, só mais um pouco, só mais um pouquinho para aguentar todo o caminho que eu ainda tenho que percorrer para encontrar alguém que valha a pena e que dê valor ao meu sorriso. Eu até tinha escolhido não sentir mais nada, por ninguém, mas sempre entra alguém no meu caminho, sempre, não tem como, mas sempre entra a pessoa errada. Eu estive prometendo a mim mesma ser feliz há tempos e olha só o que me deu hoje, uma tristeza repugnante, do nada, sem fim, uma vontade de chorar rios e mares, de colocar toda essa merda de sentimento pra fora com palavras na cara da pessoa que fez com que eu criasse essa ferida enorme no meu peito, mas eu não posso, porque a lágrima sempre escapa e a vontade de estar perto também, de dizer um oi, dar um abraço, um beijo… dois, três, quatro, cinco beijos, o tanto que fosse capaz de cicatrizar essa ferida que dói, que aperta do momento que eu acordo até o que vou dormir. Mas eu não posso, não, não, não. Tudo passa e isso logo vai passar também. Mas eu quero te lembrar sempre, fazer o que, tudo marca e você deixou marca na mente, no coração, na boca… na vida. Você marcou decepção e amor e tristeza e ódio e uma vontade de te ter sempre mais, mas eu não posso, eu não me permito sentir sua falta! Não me permito mais chorar com lembranças ridículas suas… nossas. Se você fosse bom mesmo, estaria aqui do meu lado agora, me esquentando nesse friozinho em que todo mundo precisa e quase todo mundo tem alguém, mas você tá longe aí, esquentando e fazendo outra pessoa sorrir e eu aqui, só querendo você e quanto mais eu te quero perto, mas te permito e peço a Deus que te afaste e que cicatrize essa ferida, que te tire da minha mente, não quero mais lembranças suas, eu não quero te ver nas ruas, em fotografias, não quero ler nomes como o seu, nem ver rostos que me lembre do seu… eu mereço ser feliz e saudade não traz felicidade pra ninguém, meu passado me desmorona, mas meu futuro está tratando algo que o revele e me mostre o quanto vale mesmo a pena se decepcionar para crescer e entender que dá tristeza logo traz a felicidade, e que depois da chuva que vira tempestade pode sim aparecer o sol e o arco-íris.
— Necessitei desabafar, jogar mágoas e saudade pra fora… 

Ana Martins 

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